Epíteto do Amor



Bilhetes na porta da geladeira,
Recados deixados no espelho,
Gritos soltos no vento,
Olhares perdidos no encontro.

Nada do que eu lhe diga
Será da boca pra fora.
Tudo será, então,
Do coração pra dentro.

Como uma poesia escrita no ar,
Como uma melodia tocada e sentida,
Tu serás o meu mel,
O elo dos meus dias.

Noite de primavera,
Manhã de domingos,
Estação de todas as chuvas,
Lágrimas, rimas, gotas e pingos.

Silêncios compartilhados,
Lábios incandescentes e peles ardis.
Caminho de todas as minhas direções,
Prólogos, inícios, meios e fins.

Epílogo, transcendência,
A estrada que nos leva além.
Epíteto que dá o nome ao meu amor,
Tu, Liliane, és meu fruto e minha flor. 

Correnteza



Não somos donos do amor,
Somos personagens abstratos
Em sua eterna cinematografia.

Não somos donos do amor,
Tão menos vítimas de suas dores,
Somos causa e consequência.

Não somos donos do amor,
Somos passageiros e paisagem,
O horizonte que captura o sol.

Não, não somos donos do amor,
Somos a dúvida e a incerteza...
Barcos de papel na correnteza.