Vinícius de... Ninguém.



A liberdade parece estranha e assustadora para aqueles que passaram tempo demais presos a algo ou a alguém. Confesso estar estranhando, mas ao mesmo tempo achando incrível esse sentimento sincero e sereno de não-pertencimento. A sensação é de ter tirado um peso imenso dos ombros e da consciência, e outro maior ainda do peito! A gente pensa que o que aperta o coração, e o faz doer, é o excesso de amor, mas a verdade é bem oposta a isso, chega a ser completamente antagônica. O que faz o coração apertar e doer é a falta de amor! Falta de amor próprio. A gente precisa aprender a ser mais suficiente. Aprender a conviver melhor com a nossa própria sombra. A gente precisa se amar o suficiente pra ter coragem de encarar o espelho, e não enxergar nenhum fantasma, monstro ou demônio, apenas nosso puro e simples reflexo refletido na pura e simples superfície do espelho. E precisamos aprender a deixar doer. Nem sempre ficar no meio do caminho é sinônimo de derrota. Muitas vezes ficar no meio é o único meio de seguir em frente. Sendo “frente” qualquer outra direção que aparecer pra gente, então, seguir. Às vezes a gente vai tão longe por alguém que acaba chegando perto demais de se perder completamente. Então ficar no meio do caminho às vezes é, também, o único meio da gente se encontrar. Se reencontrar. E recomeçar. E no meio a gente encontra um jeito de ser feliz no todo. Início, meio e fim. Faz bem ficar só, mesmo que de vez em quando, ou de vez em sempre. Vai de cada. O bom da solidão é que uma hora a gente se acostuma ternamente com ela. E aprende a gostar e conviver. E o próprio "estar só" passa a fazer falta. Não sei do dia de amanhã, mas hoje eu sei, e hoje eu sou completamente meu... E de mais ninguém.

Este é o fim deste capítulo.

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