A vida acaba onde começa o amor. O amor acaba onde começa a
morte. Sim, nada de vida e morte apenas. São três grandes ciclos que permeiam
nossa existência terrena. A partir do momento em que conhecemos o amor, estamos
condenados a buscar entendê-lo até o fim de nossas existências. Vida é tudo o
que vem antes disso. Aquilo é vida. Depois disso é amor. O amor é uma fase tão
longa quanto a própria vida, mas corre paralela à ela. Complementam-se, completam-se,
mas nunca se misturam. Vive-se, ama-se, morre-se. Só acaba o amor quando se
acaba a existência, quando se morre, e não quando se acaba o viver. Este já se
acabou, nos olhos, nos lábios, na voz, na pele, no suor, no coração acelerado,
no frio na barriga, na confusão, bagunça e tumulto internos. Minha vida acabou
numa tarde de quinta-feira bem colorida. De céu azul, paisagem verde gritante, e
de um silêncio constrangedor, que eu trazia no peito desde que nasci. Silêncio
este irrompido por aquele tom de voz o qual jamais viria a esquecer. Eu não
vivi desde aquela tarde, aquele dia. Minha vida expirou naquela data
aparentemente tão comum e banal aos olhos de terceiros, quartos e quintos. Eu
amei dali em diante. O que veio em seguida era apenas amor. E ainda é. Hoje eu
amo. Sou amor. Sou feito cento e um por cento de amor. E de amor serei feito,
até que se faça passado de mim. Até que a morte chegue numa hora qualquer, e
que o amor chegue então ao seu merecido fim.
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