É bom saber que ainda existe sintonia no caos de um mundo
conflitante em que vivemos hoje. Sim, existe sintonia. Ao longo de nossas vidas
o que mais encontramos são pessoas confusas, vazias, perdidas dentro de si.
Resultado de um mundo confuso. O mundo é um lugar cheio de pessoas vazias. Não
há mais vagas! Homens nada mais são do que um reflexo do mundo. Do que um
reflexo dos próprios homens. Mas durante a longa e árdua caminhada que somos
forçados a fazer por consequência de um ato irracional nos primórdios de nossa
existência (sim, se pensarmos bem, somos frutos de um ato irracional inicial,
um ato baseado meramente no instinto selvagem de sobrevivência do “mais forte“)
encontramos pessoas complexas, com um conteúdo de ser, estar, fazer e viver tão
vasto, poderoso e profundo que sentimos, mesmo que por alguns instantes, um
arrepio que transcende a carne, pele, ossos, pelos e cabelos, chegando até o
recôndito mais profundo e desconhecido da alma, e logo nos vem o inocente
pensamento de: “Sim, tudo isso valeu a pena. Sim, eu não estou sozinho”. Bom,
não está em partes. Todo ser humano está sozinho. Os únicos que guiam nossos
passos somos nós mesmos. Os únicos que comandam nossos atos somos nós mesmos.
Os únicos responsáveis por nossas escolhas, e consequências dessas escolhas,
somos nós mesmos. Sim. Nós, nós e nós. Sim. Sós, sós e sós. Mas, veja bem,
estar sozinho não significa necessariamente ser sozinho. É bem diferente. No
nosso íntimo mais escondido, no âmago existencial de cada um, sim, estamos sozinhos,
somos responsáveis por nós mesmos, mas, nunca somos levados a tomar uma decisão
ou atitude senão por alguém e para alguém. Pois é, ninguém vive sozinho. Somos
eternamente condenados ao sentimentalismo. Ao arrepio que atravessa o corpo e
parece dilacerar o que encontra pelo caminho. Aos olhos dilatados. Ao coração
disparado. À falta de ar. Ao frio glacial que invade o estômago. Ao medo
visceral da perda. Ao medo, puro e simples medo. O mundo é movido por isso, os
homens são. Pelo medo. E pela coragem, claro. Antagonista principal do mal do
homem. O medo. O que seria da coragem se não houvesse o seu gênesis, o seu
negativo... O medo? Bom, nada. E nós também não seriamos nada. Na verdade,
seriamos sim, um bando de desmiolados, malucos e insanos fazendo o que nos
desse na teia, fazendo e acontecendo a torto e a direito sem pensar nas
consequências positivas ou negativas dos nossos atos. E penso... Será que isso
não seria bom? Será que sentir mais não é melhor do que pensar mais? A gente
finge que pensa, na verdade não pensamos coisa alguma. Apenas consideramos e
escolhemos, no fim, o que nos é mais confortável, o que nos é mais agradável, o
que nos é mais conveniente, e só. Quem pensa muito escolhe errado. Quem pensa
muito vive pouco. Quem pensa muito morre em vida. O mundo não precisa de
pessoas pensando e chegando a conclusões equivocadas sobre o próprio mundo e
sobre a vida, o mundo precisa de mais fé e coragem no amor. Sim. Lá vem ele
falar de amor. Sim, mas falar de quê? De dinheiro? De bens materiais que
supostamente compram e pagam o “preço” da felicidade? De capitalismo? Não, não
estou aqui para falar de política e assuntos que outrora abordarei com mais
razão e menos coração. Estou aqui para falar desse sentimento em falta no
mercado. Isso sim faz falta. Amar. Despir-se por completo, esquecer-se de tudo
e todos, do que vão pensar ou falar... Amar realmente como se não houvesse um
maldito amanhã! O homem tem amado pouco. Estamos aperfeiçoando armas e
tecnologia, e esquecendo-nos de como usar o coração. Estamos esquecendo de nos
mover pela coragem, estamos esquecendo de dizer um “eu te amo” que realmente
signifique “eu te amo”. Estamos esquecendo de passar horas ao lado da pessoa
que amamos, e não de passar horas na frente de uma máquina que supostamente
está nos mantendo conectados com o mundo. Não, não está. Está nos afastando
dele, criando mundos artificiais, valores artificiais, sentimentos artificiais,
amores artificiais. O homem precisa reagir. O homem precisa de coragem, para
rever seus conceitos, para repensar o mundo, afinal, é disso que se trata
viver? É isso que queremos para nós e nossos filhos e netos e bisnetos? Um
mundo movido por corações de bateria? Por engrenagens e não sangue?
Inteligência artificial e não sentimentos? Dinheiro, dinheiro e mais dinheiro,
e nos esquecermos do que realmente vale em toda essa jornada? Não sairemos vivos
da vida. Dela não levaremos absolutamente nada. Mas é esse o legado que quer
deixar? É assim que quer ser lembrado? O homem que tinha tudo, mas que não teve
absolutamente nada. É assim que quer preencher as páginas da sua breve
história? Bom, só peço que pense. Reflita. Ou não, faça o que bem entender, é
livre para fazer o que quiser. Mas uma hora a ficha cai, e a vida cobra, e o
peito aperta, e daí então, já pode ser tarde demais para reparar os erros
cometidos. Para recuperar as pessoas perdidas. Resgatar o amor exilado. E a
vida não vivida. Só o que posso lhe dizer é... Ame! Ame quem faz sua vida mais
bonita! Ame! Ame quem lhe faz bem! Ame! Simplesmente, ame! E depois me diga, ou
melhor, diga a você mesmo, se não valeu a pena. Eu garanto, terá valido cada
efêmero segundo e instante de vida. Eternize-se em vida, para eternizar-se
também em morte.
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