O frio
metálico se aproxima da testa,
Mãos
trêmulas seguram o objeto do fim,
Pupilas
dilatadas olham para o vazio a sua frente.
O suor brota
da pele, lavando tudo em seu caminho,
E então,
explode-se a pólvora no tambor.
O estampido oco invade o silêncio sepulcral
O estampido oco invade o silêncio sepulcral
Do
apartamento escuro no sétimo andar.
Dissipando, fulminando,
dilacerando, extinguindo
Tudo em seu
caminho, tudo o que um dia foi.
Sonhos,
memórias, desejos, pensamentos.
Joelhos tocam o chão, como que em uma última
Joelhos tocam o chão, como que em uma última
E
desesperada prece, em busca de um perdão
Há muito
negado por si mesmo.
Olhos
estáticos parecem penetrar as trevas,
E logo se
estende no chão um longo tapete carmesim.
O relógio do quarto para exatamente às 00:09
O relógio do quarto para exatamente às 00:09
Da madrugada
do dia 18 de Novembro de um ano qualquer.
As máculas
escurecidas, sem brilho algum, agora focam asas negras,
Que se abrem
em frente a grande janela paralela à porta,
Logo a carne
pálida e fria está coberta e aquecida pelo manto da morte.
Na mão esquerda guarda um pedaço de papel amassado,
Na mão esquerda guarda um pedaço de papel amassado,
Que tentaria
em vão explicar todos os porquês que surgiriam.
Um nome era
constante nas letras borradas e distorcidas,
E na última
linha, a inaceitável razão, a resposta, o motivo...
“Por quê?
Porque não há nenhuma razão!”.
Naquela noite uma voz foi para sempre silenciada.
Naquela noite uma voz foi para sempre silenciada.
Seus ouvidos,
ensurdecidos, seus olhos, cegados.
Não havia
mais traço algum do homem que um dia fora.
A decisão de
dia e hora fora dele. Sua vida, sua morte, suas razões.
No final, o
homem fraco, sentimental, se aproximou de Deus.
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